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XXXIII Semana da Terra aponta caminhos populares na resistência contra o avanço predatório sobre povos e comunidades do campo

  • aatrba
  • há 5 horas
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Com o tema "A terra e os bens da natureza na política de gestão fundiária e ambiental na Bahia", evento é uma oportunidade de reunir associados, comunidades, movimentos sociais e parcerias institucionais para pensar estratégias de avanço na luta pelo direito à terra e ao território 


"Desde 1970 o oeste da Bahia não tem dia de paz", a frase simbólica e marcante é uma das motivadoras para a realização da XXXIII Semana da Terra – Eugênio Lyra no município de Barreiras, um dos principais produtores de commodities do estado. Realizado entre os dias 26 e 28 de setembro, o evento reuniu associados/as da AATR, comunidades assessoradas, movimentos sociais e parcerias institucionais para ampliar o olhar sobre o tema "A terra e os bens da natureza na política de gestão fundiária e ambiental na Bahia" e pensar estratégias de avanço na luta pelo direito à terra e ao território.  


Ao abrir o evento, o presidente da entidade, o advogado popular e fundador da AATR, João Régis, rememorou as motivações da criação da Semana da Terra e a importância da coragem de Eugênio Lyra, patrono da entidade e referência nacional da advocacia popular. 


Um dos destaques do primeiro dia da edição de 2025 da Semana da Terra foi o pré-lançamento do livro “Advocacia Popular no Matopiba- Litígios estratégicos e desafios para a proteção da socio biodiversidade”, que aconteceu com a presença de alguns dos/das autores/as que participaram do curso de formação para a advocacia popular. O curso e a publicação são frutos da parceria da AATR com a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), por meio do Observatório dos Conflitos Agrosocioambientais do Oeste da Bahia.



O segundo dia foi preenchido com uma programação elaborada para fomentar o debate sobre a "Configuração dos conflitos envolvendo empreendimentos, Estado e comunidades na Bahia", tema do painel que abriu a manhã. O dia ainda teve a participação de associadas/os, pesquisadoras/es e estudiosas/os que contribuíram com falas que motivaram a formação de rodas de conversas. Entre as temáticas detalhadas em rodas de conversa, a "gestão fundiária e acirramento de conflitos" e "gestão ambiental e a apropriação privada dos bens da natureza". O momento teve ampla colaboração do público, que compartilhou como lidam com situações afins que acontecem em suas comunidades. 


Presente na Semana da Terra, o líder comunitário do quilombo e comunidade pesqueira de Graciosa, Nildo Sacramento, chamou a atenção para a importância da conscientização e participação política das comunidades e compartilhou a experiência de seu coletivo.  "Estamos aqui em luta apesar de toda expectativa contra. E também estamos aqui para agradecer à AATR que junto com outras assessorias e movimentos estão com a gente nos fortalecendo. Em Graciosa, quando aprendemos sobre o que era grilagem, terras devolutas, e sobre direitos, a gente não pensou duas vezes em correr atrás dos nossos direitos. Mas o que nos fez avançar de verdade foi entender que o Estado não ia nos ajudar, que tinha que ser nós por nós mesmo. E isso tem nos impulsionado nas nossas vitórias", refletiu.



Já no último dia, as atenções foram voltadas para um momento de construção de propostas elaboradas para indicar caminhos e metodologias possíveis de serem aplicadas nas próximas edições da Semana da Terra. As propostas foram realizadas por dois grupos de trabalho, um composto por advogados/as populares e equipe da AATR e outro formado pelas lideranças das comunidades e representantes de entidades e movimentos sociais parceiros. 


Os momentos finais da Semana da Terra reservaram um espaço para homenagear a memória de associadas pioneiras na advocacia popular e na fundação da AATR que faleceram nos últimos anos: Fatinha, Vera Regina, Martinha e Cecília Petrina. As companheiras e companheiros de jornada presentes dedicaram uma salva de palmas ao legado das advogadas populares.  


Desde a década de 80, a AATR realiza anualmente, aos meses de setembro, a “Semana da Terra Eugênio Lyra”, em memória do seu patrono, o advogado Eugênio Lyra, assassinado a mando do latifúndio em setembro de 1977 na cidade de Santa Maria da Vitória, no oeste baiano.



Texto e Fotos: Ascom/AATR

 
 
 

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