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5 anos do Massacre de Iúna (BA): "Sobre a terra, há de prevalecer justiça"





Homenagem às vítimas do Massacre de Iúna ocorre no próximo sábado (6), denunciando a ausência de justiça e a continuidade dos conflitos agrários em territórios quilombolas da Chapada Diamantina


No próximo sábado (06), será realizado o ato em homenagem às vítimas do massacre em Iúna, no município de Lençóis-BA. O ato tem como objetivo denunciar a ausência de justiça no Massacre de Iúna, ocorrido em 06 de agosto de 2017, quando seis pessoas foram assassinadas na Comunidade Quilombola de Iúna, em Lençóis, Bahia. 

Também busca denunciar a continuidade dos conflitos agrários e das violências que impactam os territórios quilombolas na Chapada Diamantina, que sofrem com o avanço do agro/hidronegócio, grilagem de terras, mineração, usinas eólicas e contaminação por agrotóxicos. 

Participam representantes dos territórios quilombolas Iúna e Remanso, que continuamente denunciam a permanência dos conflitos agrários em seus territórios, além de organizações que atuam em conjunto com as comunidades da região, entre elas: Comissão Pastoral da Terra, Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR), Geografar, Associação Grãos de Luz e Griô, Observatório dos Conflitos Socioambientais da Chapada Diamantina (OCA), Escola Livre de Audiovisual (ELA), entre outros. 

Também contará com a presença do escritor e geógrafo, Itamar Vieira Jr., doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com pesquisa sobre formação das comunidades quilombolas no interior do Nordeste brasileiro e autor dos livros de contos Torto Arado (2019), que venceu o Prêmio Leya, recebeu os prêmios Oceanos e Jabuti; A Oração do Carrasco (Mondrongo, 2017) e Dias (Caramurê Publicações, 2012). Na ocasião, será lançado o documentário “Águas da R-existência: histórias de vida e luta na Chapada Diamantina”, que retrata os processos de territorialização das comunidades tradicionais, através dos depoimentos de líderes indígenas, quilombolas, assentados e pesquisadores. Este documentário percorre os municípios de Utinga, Wagner, Lençóis, Mucugê e Piatã apresentando os processos de territorialização e os conflitos e lutas por terra, território e água que as populações tradicionais vêm disputando ante o avanço do agronegócio e da mineração. Lutas que além de envolver luta pela terra, o território e a água, são lutas pela existência, a autonomia e a reprodução da vida na e desde a Chapada Diamantina destas populações tradicionais.

O documentário “Águas da R-existência: histórias de vida e luta na Chapada Diamantina”, foi realizado pela CPT Bahia e Campanha de Conservação da Bacia do Paraguaçu em associação com Mirones Town Films. Além disso, contou com o apoio do Fundo Casa Socioambiental, Misereor, DKA Austria e Ilumiar.


Confira a programação completa: 



5 anos sem justiça


Há 5 anos, no dia 6 de agosto de 2017, seis lideranças quilombolas foram assassinadas no território de Iúna, localizado na Chapada Diamantina, em Lençóis(BA). Muito embora o crime tenha sido associado à disputa pelo tráfico de drogas na região, a reportagem “Violência contra quilombolas dispara em 2017”, publicada no portal do ISA em 03 de outubro daquele ano, observa que o fato de lideranças quilombolas terem sido as principais vítimas dos crimes fortalece a hipótese de conflito agrário, considerando que a comunidade é historicamente impactada pelo avanço do agronegócio e mineração.


O território de Iúna iniciou o processo de regularização fundiária em 2010, tendo a conclusão do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RITD) concluído em 2015, o que ocasionou uma ofensiva contra a comunidade, que passou a sofrer violências e violações de direitos. A titulação do território de Iúna por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra em 2015, ocorreu após dez anos depois da Certidão de Autodeclaração ser emitida pela Fundação Cultural Palmares – FCP a pedido da Associação dos Pequenos Produtores e Pescadores de Iúna – APPR.


O assassinato de uma liderança da comunidade, Lindomar Fernandes Martins, em 16 de julho 2017, e a posterior chacina de seis trabalhadores rurais o Adeilton Brito de Souza, Amauri Pereira da Silva, Cosme Rosário Conceição, Gildásio Bispo das Neves, Marcos Pereira da Silva e Valdir Pereira da Silva, no dia 06 de agosto do mesmo ano, demonstram que os conflitos no campo permanecem desestabilizando a vida dos povos tradicionais. A conjuntura política dos últimos anos e a fragilização das instituições públicas se somaram ao ambiente de insegurança e medo que provocou o êxodo de diversas famílias desse território.


Sobre a terra haverá de prevalecer a justiça!


Serviço

"Ato em Homenagem às vítimas pelos 5 anos do Massacre de Iúna "


Quando: 06 de agosto, das 09h às 13h

Local: Lençóis, BA

Organização: Comissão Pastoral da Terra - Regional Bahia, Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR), Geografar, Associação Grãos de Luz e Griô, Observatório dos Conflitos Socioambientais da Chapada Diamantina (OCA), Escola Livre de Audiovisual (ELA) e outros


Contatos para imprensa:


Andressa Zumpano/CPT-Nacional : andressa@cptnacional.org.br




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